10.8.11

1852: 2011. Como vejo Teresina hoje?

Memórias, símbolos, desejos, trocas, nomes, pessoas, usos, ruas, bairros, lugares, cheiros, estórias, são alguns elementos que relacionam a cidade à nossa vivencia nesta paisagem cultural.

Como recifense, tendo vindo viver em Teresina desde janeiro de 1984, sempre olhei a cidade de forma curiosa, procurando em cada elemento do espaço urbano e arquitetônico algo que me despertasse a atenção. Fui descobrindo pouco a pouco, a sua história, os seus valores culturais, sociais e históricos. A convivência com os teresinenses, hospitaleiros, receptivos, calorosos me abrigou e me fez, em vários momentos, diminuir o sentimento de saudades de minha terra natal.

Nestes anos de aprendizado do que era Teresina, convivendo com pessoas que me ensinaram sobre a sua evolução história e urbanística, cresci também junto com a cidade, que se transformou. O processo de desenvolvimento urbano, antes lento, ganhou um ritmo mais acelerado nos últimos anos. A capital piauiense, antes mais voltada para questões administrativas, se transforma em uma cidade com um comércio mais dinâmico, com pólo de saúde que se destaca no cenário do meio-norte nacional, e com uma rede de ensino, que a vem transformando também, em uma cidade universitária com diversas faculdades públicas e privadas instaladas.

A arquitetura local, de origem eclética e neoclássica, construída originalmente no seu centro histórico, perdeu muitos exemplares, mas de certa forma, ainda conseguiu ser preservada em alguns exemplares que simbolizam a cidade, como as Igrejas de São Benedito, de Nossa Senhora das Dores e a Matriz de Nossa Senhora do Amparo. A modernidade marcada por edifícios como o DER, o Albertão, a CEPISA, mesmo havido chegado tardiamente, introduziu um brutalismo arquitetônico com excelente qualidade projetual e construtiva, presente em edifícios como a Assembléia Legislativa e o Fórum de Justiça, projetados pelo mestre Acácio Gil Borsói.

Arquitetos imigrantes de várias cidades brasileiras, piauienses que buscaram formação fora, e nos últimos anos, piauienses graduados nas escalas criadas de arquitetura e urbanismo, projetam,planejam e constroem a cidade contemporânea, que a cada dia que passa, toma uma feição mais globalizada, mas que procura manter as suas raízes culturais na música, na culinária, nos costumes e na preservação de sua identidade arquitetônica, com soluções voltadas para soluções climáticas.

Assim vejo Teresina: em eterna transformação. Lidando com os conflitos urbanos contemporâneos, e com uma nova e pulsante massa pensante, de estudantes, docentes, profissionais, que a olham, analisam e propõem novos caminhos para o seu desenvolvimento enquanto cidade, e lugar que adotamos para viver.

Alcilia Afonso

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