Foi encaminhado para o 3. Seminário Arquitetura e Documentação a ocorrer em BH/MG, um texto de minha autoria que pretende abordar
como objeto de estudo, as conexões arquitetônicas entre Minas Gerais e Piauí,
através da presença de arquitetos mineiros em obras produzidas no Estado
durante as décadas de sessenta a setenta.
O objetivo é observar a arquitetura
produzida no Piauí por estes profissionais, através do levantamento de
documentação projetual, observando as influências mineiras no local, as
adaptações sofridas para o diálogo com um meio geográfico, cultural e social,
distinto daquele dos quais estes arquitetos vieram.
Também procura através
desta reflexão, divulgar esta produção
de grande valor arquitetônico e histórico, no meio científico, a fim de iniciar
processos de conexão entre as arquiteturas desses lugares, colaborando com a
circulação de ideias e saberes em regiões brasileiras, ampliando o universo de
produção e trazendo à tona, os resultados destes intercâmbios arquitetônicos.
Justifica-se o texto, pelo ineditismo temático, pois por primeira vez,
procura-se relacionar estas produções arquitetônicas mineiras em solo
piauiense.
O trabalho de documentar a arquitetura piauiense é desenvolvido pelo
grupo de pesquisas do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Tecnologia
da UFPI, Amigos do Patrimônio, que vem investigando e aprofundando questões
pertinentes à história da arquitetura do Estado, e para tal, utiliza duas
linhas metodológicas: 1) a primeira voltada para a pesquisa arquitetônica do
edifício, que aplica como metodologia a linha adotada por GASTÓN e ROVIRA
(2005) em relação ao estudo dos objetos arquitetônicos, no qual o olhar sobre a
produção das obras é analisada desde a autoria das mesmas, até a análise formal
e funcional, apoiada também na teoria de PINON (2003). Outro autor que respalda
este metodologia vem a ser, SERRA (2006), ao tratar das questões entre sistemas
e processos, relacionando os mesmos de forma a traçar a construção do objeto de
estudo; 2) a segunda, está voltada para
a pesquisa biográfica dos
arquitetos, empregando a metodologia da
história oral, uma vez que trabalha a história recente, necessitando da
realização de entrevistas, coleta de depoimentos para a construção do fio
condutor das histórias de vida dos personagens investigados.
Como fontes de
pesquisa, tem-se como fontes primárias, um material projetual tal como plantas, cortes, fachadas, detalhes,
fotografias e outras imagens, conseguidas em
arquivos mais privados, que públicos. As fontes secundárias são
escassas. Talvez, por tratar-se de um patrimônio arquitetônico recente, muitas
dessas obras produzidas, ainda não foram divulgadas.
Os textos existentes foram
produzidos por pesquisadores que atuam no citado grupo de pesquisa, que
publicaram os artigos em anais de congressos. AFONSO (2012) publicou a obra
“Antonio Luiz. Arquiteto” que iniciou o processo de divulgação da produção
mineira deste profissional no Piauí. Os arquitetos mineiros a serem trabalhados
neste artigo são Raul do Lago Cirne e Antonio Luiz Dutra.
Cirne (1928) nasceu em Belo Horizonte e graduou-se
em arquitetura em 1952, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de
Minas Gerais/ UFMG, possuindo uma formação modernista. Projetou no Piauí, além
do Estádio Albertão, o Monumento do Jenipapo, localizado em Campo Maior.
Antonio
Luiz (1935) é de Juiz de Fora e estudou arquitetura na UFRJ, vindo residir em
Teresina no final dos anos 60, após ter desenvolvido projetos para o Banco de
Minas Gerais, aonde trabalhava como arquiteto. Instalado definitivamente na
capital piauiense, produziu algumas das mais importantes obras no Estado, além
de várias residências modernas. Na obra do Estádio Albertão trabalhou em
parceria com Raul Cirne.
Dessa forma, será através do olhar sobre a produção
mais significativa destes profissionais no Piauí, que este artigo procurará as
conexões arquitetônicas entre os dois Estados brasileiros. Como estudos de
casos, serão vistas dois exemplares mais significativos de cada um dos
arquitetos.
Da produção de Raul Cirne serão analisados os edifícios do Estádio
de Futebol Albertão (1973), construído em Teresina, e o Monumento do Jenipapo,
localizado no município de Campo Maior (1975). Os edifícios da antiga CEPISA/ Companhia
Energética do Piauí (1973) e o Eldorado Country Clube construídos em Teresina,
serão as duas obras a serem analisadas, pertencentes ao arquiteto Antonio Luiz.
A documentação arquitetônica destes projetos já foi levantada e será divulgada
no artigo, realizando-se uma contraposição entre o trabalho destes profissionais e a contribuição dessas obras no cenário local e nacional.
Antonio Luiz. Ministério da Fazenda.Teresina.Arquivo do Arquiteto
Raul Cirne.Monumento do Jenipapo.Campo Maior.Foto: Kaki Afonso
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