22.10.09

Lançamento do livro/ caderno Arquitetura Piauiense


Casario em Amarante. Desenho: Valério Araújo.




Casa eclética em Piaracuruca. Desenho: Bruno Andrade.


Será feito o lançamento do livro/caderno Arquitetura Piauiense e a bertura da exposição que divulgará a obra, no dia 27 de outubro, às 17h, no Auditório do Centro de Tecnologia da UFPI, no campus Ministro Petrônio Portela, em Teresina.

A proposta do livro é trabalhar com o resgate arquitetônico de edifícios de várias tipologias e estilos arquitetônicos que vão da arquitetura jesuítica encontrada em Oeiras, passando pela arquitetura eclética, neoclássica, moderna e contemporânea.


A arquitetura é tratada através da valorização tipológica (arquitetura civil, religiosa, institucional), bem como, através de uma seqüência cronológica/estilística.

A pesquisa resultou em um levantamento gráfico e textual sobre edificios que abrangem os municípios históricos piauienses visitados pelo Grupo de pesquisa Amigos do Patrimônio Cultural, coordenado por mim, entre eles: Campinas do Piaui, Oeiras,Amarante, Teresina, Campo Maior,Piracuruca e Parnaiba.

O objetivo deste livro é o de realizar um trabalho de educação patrimonial, papel que cabe a nós, pesquisadores, alunos e professores da UFPI , que desenvolvemos em sala de aula, trabalhando o tripé ensino/pesquisa/extensão.

As questões institucionais legais de preservação devem ser geridas pelos órgão competentes federal (IPHAN), estadual (FUNDAC) e municipal (Fund,cultural Mons.Chaves). A UFPI, como instituição de ensino, deve estudar as manifestações culturais, apontando caminhos para a preservação da mesma, através de ações como esta, que é a de educar a população no sentido desta valorizar e preservar a sua identidade cultural.

Tivemos o apoio da UFPI, através da PREX/CAC(PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO) , da ASCOM(ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO), de toda a equipe da Gráfica da UFPI, e do CREA/PI


Inicialmente a exposição que acompanha o lançamento do livro ficará em Teresina, no CT/UFPI e depois circulará pelos campi da UFPI, iniciando por Parnaiba, passando posteriormente por Floriano, Picos e Bom Jesus.

O trabalho foi coordenado pela prof.dra. Alcilia Afonso (Kaki), com a colaboração de coleta da aluna Michele de Moraes, revisão de Samara Veloso, e a participação fundamental de uma equipe composta por Lídia Moura Fé, e dos alunos Roosevelt Cavalcanti, Ana Negreiros, Andreza Diniz, Antônio Luís (Maloca), Bruno Andrade, Cezar Marco, Claúdia Evangelista, Danielle Dantas, Elayne Macedo, Emanuel Castelo Branco,Felippe Fabrício, Fernanda Leitão, Iago Tavares, Jéssica Gualter, Jorge Oliveira,José Hamilton, Juliana Silva, Juliana Soares, Júlio Afonso, Laerte Reis, Laila Cadah,Letícia Gomes, Lívia Macêdo, Manuela Castro, Mariely Ibiapina, Michele de Moraes,Neuza Melo, Nestor de Castro, Raphael Prado, Roosevelt Cavalcanti, Samara Veloso, Suellen Martins, Valério Araújo, Vennícius Emanuel.

19.10.09

João Maria Trindade:prêmio FAD de arquitetura 2009


fotos do acervo do escritório do arquiteto


fotos do acervo do escritório do arquiteto


fotos do acervo do escritório do arquiteto


fotos do acervo do escritório do arquiteto


esquema da planta baixa:térreo


Na noite de 8 de outubro, foram entregues os Prêmios FAD (Fomento à Arquitetura e Design, instituição baseada em Barcelona) ,que promove a arquitetura e o desenho no espaço ibérico.

No interior da antiga fábrica Fabra i Coats, no bairro de Sant Andreu, Barcelona, mais de 522 obras, incluindo 25 de Portugal, apresentaram-se à edição deste ano.

O prêmio, que é reconhecido internacionalmente por seu critério e rigor, reconhece obras relevantes contemporâneas de arquitetura, design de interiores, paisagismo e arquitetura efêmera da Península Ibérica.

O grande vencedor da versão 2009 foi o arquiteto português João Maria Trindade, com o projeto da estação biológica de Garducho.

O júri do certame deste ano destaca na obra arquitetônica de João Maria Trindade, o fato de “gerar lugares e emoções no meio de uma paisagem sem fim”.

“Aprecia a forma como eleva a sua potente massa, deixando passar sob a sua sombra o território e a vida da fauna”, explica a ata do júri.

Para Arcadi Pla y Masmiquel, presidente do júri, tratou-se de reconhecer “a dupla visão” do centro do Garducho, que cria uma “peça singular, que lê a paisagem, criando um momento que avalia e se integra na própria paisagem”.

“É uma peça que quase levita sobre a paisagem e que nasce para acolher um centro de investigação sobre a própria paisagem”, complementou Arcadi Pla y Masmiquel.

17.10.09

Habitação de interesse social em Teresina: algumas reflexões

Quando se propõe a pensar em soluções mais adequadas para atender às necessidades habitacionais na cidade em que vivemos, é imprescindível se levar em consideração as questões sócio-culturais, geográficas locais, que compõem a identidade deste lugar.

A realidade da cidade de Teresina, possuidora de um clima quente-úmido, com altas temperaturas, alta taxa de insolação, a inexistência de uma ventilação constante, e a sua localização geográfica entre-rios ( Parnaíba e Poty), composta de uma vegetação pertencente à Mata dos Cocais, e com grande parte da população formada da miscigenação entre brancos e índios, caboclos, fazem com que tais aspectos sejam preponderantes para o direcionamento da criação projetual de tipologias arquitetônica s apropriadas a esta realidade.

Armando de Hollanda, arquiteto e professor pernambucano, em seu livro, Roteiro para construir no nordeste, propôs de forma simples e esquemática, algumas orientações básicas para se projetar adequadamente na região, tais como, grandes aberturas, altos pés direitos, paredes vazadas, uso de cobogós, grandes beirais, entre outras soluções.

Acácio Gil Borsói, em trabalho realizado nos anos 60 no bairro de Cajueiro Seco, propôs um sistema construtivo baseado em taipa modulada, de forma racional, que de maneira a usar a auto- construção já apresentava soluções alternativas para a construção de casas populares.

Inspirada nestes mestres é que temos desenvolvido protótipos de habitações populares para a cidade de Teresina, através de grupo de pesquisa que coordeno –HABarq- na UFPI( dcca/ct) formado por alunos do curso de arquitetura e urbanismo, que vêm desenvolvendo estudos voltados para a realidade local, respeitando os condicionantes específicos do meio.

As propostas apresentam uma diversidade de soluções em planta, possuindo possibilidades de crescimento modular, bem como, materiais construtivos variados e alternativos, que não se limitam apenas ao mercado existente industrializado - cerâmico- como maneira de ampliar as oportunidades, tanto na produção de novas tecnologias, como também, na retomada de técnicas construtivas tradicionais, como a taipa e o adobe.

Quanto à questão dos custos, existem tabelas institucionais que padronizam os valores das construções convencionais, sendo necessário que, tais instituições sejam mais abertas às novas tecnologias e propostas arquitetônicas, de forma, a não se repetir continuamente soluções que limitem e desconsiderem os aspectos que foram anteriormente levantados, ou seja, que suas equipes técnicas se debrucem e criem novas tabelas orçamentárias voltadas para as adequadas soluções arquitetônicas de suas regiões, que levem prioritariamente em conta, a questão das especificidades locais que geraram o projeto arquitetônico adequado.

10.10.09

Arquitetura piauiense: Um resgate.


Arte final do convite: Kaki Afonso, Samara Veloso e Roosevelt Cavalcanti.



Apoio: CAC/ UFPI e CREA/PI


Estará sendo lançado no próximo dia 27 d eoutubro, ás 17h, no Auditório do Centro de Tecnologia da UFPI, em Teresina o livro intitulado "ARQUITETURA PIAUIENSE", acompanhado de uma exposição e da série de cartões postais de desenhos sobre a região norte do Estado.

A idéia do livro/ caderno de desenhos e da exposição “ARQUITETURA PIAUIENSE” é a de resgatar a produção arquitetônica piauiense através de desenhos, esboços e croquis realizados por alunos e ex-alunos da disciplina arquitetura brasileira 2, do curso de arquitetura e urbanismo do departamento de construção civil e arquitetura do centro de tecnologia da Universidade Federal do Piauí (DCCA/ CT/ UFPI) e que formam parte de um grupo de pesquisa intitulado “Amigos do patrimônio”.

O grupo de pesquisa tem como objetivo investigar, inventariar, analisar e difundir o patrimônio arquitetônico piauiense, desenvolvendo como extensão, a produção de postais, ilustrados com desenhos a mão e textos; a realização de exposições e palestras didáticas na área enfocada, buscando sensibilizar a comunidade no sentido de (re) conhecer seu acervo, valorizá-lo e assim, o preservar.

Em um primeiro momento, foi realizada a série “Arquitetura em Teresina: 1852-2007” que teve uma tiragem de mil exemplares, e que rapidamente se esgotou, havendo sido distribuído em escolas, universidades e congressos nacionais. No ano de 2008, foi feita uma nova tiragem, com mais mil exemplares, da mesma série, que também realizou um trabalho de educação patrimonial, divulgando o acervo arquitetônico teresinense.

Ainda neste mesmo ano de 2008, foi produzida duas novas séries: “Arquitetura Piauiense” e “Perfis Urbanos” com a tiragem de mil exemplares por série, editados também, como todos os outros, pela Editora Gráfica da UFPI que procuraram ampliar o campo das pesquisas realizadas, trabalhando com vários municípios possuidores de acervo histórico/ arquitetônico.

Em 2009, a proposta é condensar estas séries passadas em um volume único acrescido da produção ainda inédita da região norte piauiense, permitindo assim, que o investigador/ aluno/ professor possuam em mãos, um rico material gráfico que possa colaborar em suas investigações futuras mais profundas, referentes à arquitetura piauiense.

O trabalho foi inicialmente levantado através de registros fotográficos, selecionados e desenhados manualmente, procurando valorizar os detalhes arquitetônicos, e em seguida, analisados de forma a criar “pistas” para trabalhos futuros. Optou-se pela divisão em capítulos destinados a enfocar cada exemplar por suas respectivas tipologias arquitetônica (arquitetura civil, religiosa, institucional) e detalhes construtivos.

Foi um “fazer” prazeroso, imbuído de uma vontade coletiva de buscar colaborar com a difícil e árdua tarefa de preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Assentamentos precários na habitação de interesse social em Teresina

A cidade de Teresina, capital do estado do Piauí, possui aproximadamente 900 mil habitantes, e segundo informações coletadas oralmente, a Prefeitura contratou uma consultoria externa para a elaboração de seu PLHIS, no qual, serão apresentados dados preciso sobre os assentamentos e o deficit qualitativo mais atualizado.

De acordo, com TERESINA AGENDA 21/ PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (2002), 80% da população moram em imóveis próprios, porém inseridos em vilas e favelas e apresentando precariedade na estrutura física das habitações, coabitação, adensamento excessivo e saneamento inadequado, proporcionando um grande déficit habitacional, que giram em torno de 40.000 unidades.

Deste número, foi observado que 10% (4000 casas) estão localizadas em áreas impróprias para o setor habitacional, pois 4,5% estão implantadas em áreas de risco, 3,6% em leitos de rua e 2,8% em áreas alagadiças.

Quanto às tipologias, observa-se em 41,5% das casas, o uso de tijolos e telha cerâmica, e 38,5% de casas em taipa de pau a pique e cobertura de palha, denotando a influencia do meio ambiente, uma vez que a cidade faz parte da região geográfica da Mata dos Cocais, com predomínio de palmeiras como a carnaúba e o babaçu, de onde são extraídos alguns materiais construtivos destas casas.



A Carnaúba: extração de materiais para a cosntrução autóctone.
foto:kaki afonso/2008



Imóvel precário utilizando materiais locais.
foto:kaki afonso/2008



Outra tipologia existente são os conjuntos habitacionais, e que somente entre os anos de 1964 a 1990, foram construídos pela antiga COHAB/ PI, 43 conjuntos, com aproximadamente 35 mil unidades, abrigando 150 mil pessoas.Muitos destes conjuntos estão em precário estado de conservação, necessitando de intervenções tanto nas residências, como na infra-estrutura dos mesmos.

Outro fator que vem chamando a atenção é o grande número de invasões de terras privadas ou públicas, criando situações de impasses sociais, uma vez que , muitas vezes, a força policial vem entrando em ação,pois as ações de invasões são rápidas e comandadas por grileiros, que usando o “motivo” da falta de moradia, usam a população em prol de benefícios próprios futuros.

Os reassentamentos vêm ocorrendo com grande freqüência, principalmente em períodos chuvosos, no qual a cidade vem passando por fortes inundações, e a população que ocupa as áreas de risco, anteriormente citadas, são transladadas para áreas longínquas e sem uma infra-estrutura ainda adequada.

A cidade vem “crescendo” em todos os sentidos, mas observa-se a ocupação por famílias de renda salarial até os 3 salários mínimos em direção à região norte, em ocupações como o parque Brasil 1, 2, e 3, que foram se unindo a outros assentamentos como o conjunto habitacional Francisca Trindade, Nova Teresina, entre outros.


Conjunto Jacinta Andrade: 4300 casas em construção.ADH/CAIXA
foto:kaki afonso/2008

A ADH/Governo do Piauí vem desenvolvendo um trabalho de melhoria habitacional na área, e em parceria com a CAIXA, construindo uma série de equipamentos sociais em assentamentos já consolidados, bem como, atualmente, intervindo na construção de um dos maiores investimentos na área, o conjunto habitacional Jacinta Andrade, com 4300 unidades unifamiliares, situado nesta região norte, e que será dotado de uma infra-estrutura digna em relação á construção de equipamentos sociais, culturais, de lazer, ambientais, serviços e comércio, que farão com que esta atual área periférica, tenha autonomia e sustentabilidade, proporcionando uma melhor condição de vida aos futuros moradores.

4.10.09

Arquitetura e poder: A obra de Alberto Silva no Piauí.


Estádio de Futebol Albertão
foto:Samir Melo.2008



Estádio de Futebol Albertão
foto:Samir Melo.2008

Alberto Tavares Silva nasceu na cidade litorânea piauiense de Parnaíba em 10 de novembro de 1918 e faleceu em Brasília no dia 27 de setembro de 2009, e construiu ao longo de sua vida, uma brilhante carreira política, apesar de sua formação de engenheiro civil, realizada no Instituto Eletrotécnico de Itajubá.

Sua trajetória como homem público é extensa e muito rica, e sua contribuição à área da arquitetura e do urbanismo piauiense foi de muita importância ao desenvolvimento das regiões nas quais ele pode intervir quando Governador do Estado durante os dois mandatos: um primeiro, no período de 1971 a 1975, e um segundo entre, 1987 a 1991.

Arquitetura e poder sempre tiveram uma relação muito próxima na historiografia arquitetônica e urbana, e aqui no Brasil, basta recordar a presença marcante de Juscelino Kubitchek para a construção de um Brasil Moderno, tendo a frente o grande empreendimento que foi a construção de Brasília no final dos anos 50.

Em Teresina, capital do Piauí, o Dr. Alberto, como era chamado, deixou sua marca de crença, criatividade, arrojo em obras símbolos, polêmicas ou não, mas que sem dúvida, contribuíram na construção da imagem de uma cidade que buscava a modernização em consonância com as propostas contemporâneas a estas intervenções.

Nos anos 70, período de seu primeiro mandato, e vinculado ao Regime Militar, época do chamado Milagre econômico, Dr. Alberto construiu o Estádio Albertão, a Cepisa, o Instituto Antonino Freire, edificados em Teresina que marcaram a paisagem urbana local, com suas arquiteturas de linhas modernas e brutalistas, obras de arquitetos como Antônio Luiz (Cepisa, o Instituto Antonino Freire) ou de arquitetos mineiros, como foram as obras do Albertão e do Monumento do Jenipapo, este último em Campo Maior.




Instituto de Educação Antonino Freire

foto:Ana Rosa Negreiros.2008



foto:Ana Rosa Negreiros.2008
foto:Ana Rosa Negreiros.2008





Perspectiva do edificio da CEPISA. Projeto do arquiteto Antônio Luiz.
fonte:Maloca Arquitetura e Engenharia



Monumento do Jenipapo. foto: Kaki Afonso.2008

Em seu segundo mandato, juntamente com o designer Gérson Castelo Branco, inova e polemiza com a obra da Potycabana, uma espécie de praias artificial criada as margens do Rio Poty, dotada de equipamentos de lazer, piscinas com ondas, toboáguas, que criaram uma grande sensação à população na época na qual foi inaugurada.

Quando se falava em soluções arrojadas, imediatamente todos faziam referência ao Dr. Alberto e suas idéias que faziam vibrar aqueles mais ligados à criatividade, ao arrojo e ao desenvolvimento. Sem dúvida, a relação de sua atividade como homem público, político deve ser aprofundada em estudos futuros na área.