28.7.10

Acácio Gil Borsoi e o Edifício Santo Antônio em Recife.


Foto:Kaki Afonso.Recife.Julho 2010.
Detalhe do elemento vazado em concreto




Foto:Kaki Afonso.Recife.Julho 2010.
Detalhe do elemento vazado em concreto




Foto:Kaki Afonso.Recife.Julho 2010.
Detalhe degraus e corrimãos da escada interna




Foto:Kaki Afonso.Recife.Julho 2010.
Detalhe da escada




Foto:Kaki Afonso.Recife.Julho 2010.
Detalhe da escada interna:observar jogo de planos


O edificio Santo Antônio está localizado na Av.Dantas Barreto, no bairro de Santo Antônio, centro
histórico de Recife, e foi construído no início da década de 60.

Nele, o arquiteto carioca, erradicado em Recife, desde o inicio dos anos 50, utilizou soluções bioclimáticas, como o uso de cobogós em concreto, especialemente detalhados para aquela obra, que além de resolverem o problema da ventilação e controle da insolação, criou um rico jogo de volumes na fachada principal do edifício.

Desperta interesse ao visitar a obra, a bela solução dada ao espaço interno, com a criação de uma escada que se tornou o principal elemento composicional do interior da edificação.

9.7.10

Lançamento da XIV FECON


O presidente do Crea-PI, Dr. Araújo, está convidando os profissionais ligados à área de engenharias e arquitetura no Estado do Piauí, para o lançamento da XIV FECON, no dia 14 de julho de 2010, às 20h, a ocorrer no Atlantic City Clube - Espaço 4.

O comitê de organização é composto por representantes do CREA/PI, do Clube de Engenharia, do Centro de Tecnologia da UFPI e do IAB/PI(Instituto de Arquitetos do Piauí). Juntos, estas entidades estão organizando um evento de alto nível, com palestrantes de relevância no cenário nacioanal, que contribuirão para o desenvolvimento tecnológico na região.

O evento está previsto entre os dias 19 a 22 de outubro de 2010.


4.7.10

Tortura nunca mais!


Escultura do monumento Tortura Nunca mais.Autoria:Demétrio.
Foto:Kaki Afonso.Recife.2010.




Escultura do monumento Tortura Nunca mais.Autoria:Demétrio.
Foto:Kaki Afonso.Recife.2010.


Esta escultura está localizada na Rua da Aurora, em Recife, e simboliza a dor e o sofrimento do cidadão perante a tortura, e é de autoria do arquiteto Demétrio, que estagiou com o grande escultor Cavani, e que possui obras em concreto armado por toda a cidade de Recife.

Imagens nordestinas: texturas e ambiências do Agreste pernambucano.


Feira de Caruaru.2010. foto:Kaki Afonso



Feira de Caruaru.2010. foto:Kaki Afonso



Frutas x produtos agrestes.2010. foto:Kaki Afonso

O nordeste brasileiro é rico em cores, texturas, histórias e cultura popular. é bom (re)
descobrir este lugar, através de olhares/ miradas que nos ensinam a importância em preservar
esta paisagem cultural.

Habitação de interesse social em Teresina: algumas reflexões

por Alcilia Afonso(Kaki)


Este texto pretende apresentar algumas reflexões pertinentes à questão da habitação de interesse social em Teresina, uma vez que se tem observado que na atual política nacional, esta área vem sendo alvo de ações contundentes, no sentido de diminuir o déficit habitacional brasileiro, sendo apresentado e implantado pelo Governo Federal, uma série de projetos e programas visando uma equidade social nacional, na qual todo o cidadão tenha direito e acesso à moradia.

Quando se propõe planejar soluções mais adequadas para atender às necessidades habitacionais na cidade em que vivemos, é imprescindível se levar em consideração as questões sócio-culturais, geográficas locais, que compõem a identidade deste lugar.

Teresina, segundo a classificação do PlanHab/ Ministério das cidades, é participante do Grupo E ,Tipo 4: Espaços urbanos aglomerados e centros regionais do norte e nordeste, fazendo parte da RIDE/ Teresina (região integrada de desenvolvimento). Conforme os dados do IBGE (Censo Demográfico 2000), o número de habitantes é de 779.939 pessoas, dos quais, 194.354 ocupam os domicílios urbanos, e 10.826, os domicílios rurais, totalizando 183.528 unidades.

De acordo, com “Teresina Agenda 21/ Plano de Desenvolvimento Sustentável” (2002), 80% da população moram em imóveis próprios, porém inseridos em vilas e favelas, apresentando precariedade na estrutura física das habitações, coabitação, adensamento excessivo e saneamento inadequado, proporcionando um déficit quantitativo em números absolutos, de 60.232 unidades, sendo 51.145 unidades na área urbana, e de 9.087 unidades na área rural (Fundação João Pinheiro/ SNH/ Mcidades. 2000). Deste número, foi observado, que 10% dos imóveis estão localizadas em áreas impróprias para o setor habitacional: 4,5% estão implantadas em áreas de risco, 3,6% em leitos de rua e 2,8% em áreas alagadiças.

Em estudos realizados sobre a questão da habitação de interesse social em Teresina, foi diagnosticado que não existe na cidade uma secretaria específica pela política de habitação, e o que há, é uma divisão de ações distribuídas entre quatro superintendências de desenvolvimento urbano/ SDU (Centro/norte, sul, leste e sudeste) e uma superintendência de desenvolvimento rural/ SDR, que são vinculadas à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação- SEMPLAN e que desenvolvem os programas habitacionais urbanos. Os setores que possuem interface com o setor habitacional, além dos citados anteriormente, são a SEMF/ Secretaria Municipal de Finanças, que atua na deliberação de recursos, e a SEMAM/ Secretaria municipal do meio ambiente e recursos hídricos, que fiscaliza e controla as áreas ambientais e dos impactos sofridos pelas ações.

Além disso, possui como mecanismos institucionais de participação e controle social das políticas urbanas, o Conselho de Desenvolvimento Urbano/ CDU, criado em 1989, através de lei municipal; o Conselho estratégico de Teresina, criado em 2002, através de lei, para acompanhar o Plano Estratégico de Teresina; o Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, criado em 24 de dezembro de 2008, através da Lei Municipal No. 3837; e o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, criado em 24 de dezembro de 2008, através da Lei Municipal No. 3837. Observou-se ainda, que não possui especificamente um Conselho das Cidades, nem tampouco um Conselho Municipal de Habitação.

Teresina está localizada geograficamente na região “entre- rios” (os rios Parnaíba e Poti),e se caracteriza por possuir um clima quente-úmido, com altas temperaturas, alta taxa de insolação, a inexistência de uma ventilação constante, composta por uma vegetação pertencente à Mata dos Cocais, e com grande parte da população formada da miscigenação entre brancos e índios, caboclos, que fazem com que tais aspectos sejam preponderantes para o direcionamento da criação projetual de tipologias arquitetônicas apropriadas a esta realidade.

Observou-se que, no que diz respeito às tipologias arquitetônicas existentes, 41,5% das casas, utilizam tijolos e telhas cerâmicas, sendo 38,5% das casas em taipa de pau a pique e cobertura de palha, denotando a influência do meio ambiente local, uma vez que a cidade faz parte da região geográfica da Mata dos Cocais, com predomínio de palmeiras como a carnaúba e o babaçu, de onde são extraídos alguns materiais construtivos destas casas.

Outra tipologia existente são os conjuntos habitacionais, e que somente entre os anos de 1964 a 1990, foram construídos pela antiga COHAB/ PI, 43 conjuntos, com aproximadamente 35 mil unidades, abrigando 150 mil pessoas. Muitos destes conjuntos estão em precário estado de conservação, necessitando de intervenções tanto nas residências, como na infra-estrutura dos mesmos.

Armando de Hollanda, arquiteto e professor pernambucano, em seu livro, “Roteiro para construir no nordeste” (1976) propôs de forma simples e esquemática, algumas orientações básicas para se projetar adequadamente na região, tais como, grandes aberturas, altos pés direitos, paredes vazadas, uso de cobogós, grandes beirais, entre outras soluções.

Acácio Gil Borsoi, em trabalho realizado nos anos 60 no bairro de Cajueiro Seco (Segawa,1997,p.131), propôs um sistema construtivo baseado em taipa modulada, de forma racional, que de maneira a usar a auto- construção já apresentava soluções alternativas para a construção de casas populares.

Inspirados nestes mestres é que temos desenvolvido protótipos de habitações populares para a cidade de Teresina, através de grupo de pesquisa que coordeno –HABarq- na UFPI( DCCA/CT) formado por alunos do curso de arquitetura e urbanismo, que vêm desenvolvendo estudos voltados para a realidade local, respeitando os condicionantes específicos do meio. As propostas apresentam uma diversidade de soluções em planta, possuindo possibilidades de crescimento modular, bem como, materiais construtivos variados e alternativos, que não se limitam apenas ao mercado existente industrializado - cerâmico- como maneira de ampliar as oportunidades, tanto na produção de novas tecnologias, como também, na retomada de técnicas construtivas tradicionais, como a taipa e o adobe.

Quanto à questão dos custos, existem tabelas institucionais que padronizam os valores das construções convencionais, sendo necessárias que, tais instituições sejam mais abertas às novas tecnologias e propostas arquitetônicas, de forma, a não se repetir continuamente soluções que limitem e desconsiderem os aspectos que foram anteriormente levantados, ou seja, que suas equipes técnicas se debrucem e criem novas tabelas orçamentárias voltadas para as soluções arquitetônicas adequadas de suas regiões, que considerem prioritariamente, a questão das especificidades locais que gerarão o projeto arquitetônico adequado.


Palavras chaves: habitação de interesse social em Teresina, projetos arquitetônicos de interesse social em Teresina.

Referencias bibliográficas.

AFONSO, Alcilia. Arquitetura em Teresina: 150 anos. Da Origem à contemporaneidade. Teresina: Halley. 2002.

Capacidades administrativas, déficit e efetividade na política habitacional. Ride Teresina. CEM/CEBRAP/SNH/ MCidades. 2007.

HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no nordeste. Arquitetura como lugar ameno nos tópicos ensolarados. Recife: UFPE/ MDU. 1976.

SEGAWA, Hugo. Arquiteturas do Brasil: 1900-1990. São Paulo: EDUSP.1977

Teresina Agenda 21/ Plano de desenvolvimento sustentável. Prefeitura Municipal de Teresina. Teresina: 2002.

Arquitetura contemporânea em Teresina: da formação acadêmica ao mercado de trabalho.

Por Alcilia Afonso (kaki)


Este texto pretende realizar uma reflexão sobre o quadro da arquitetura contemporânea em Teresina: da formação acadêmica ao mercado de trabalho, observando aspectos que perpassam pelo processo de graduação em arquitetura e urbanismo destes profissionais na cidade, até as atuações distintas no mercado de trabalho local existente. Acredita-se a pertinência de apresentar tal tema como forma de difundir para demais profissionais nacionais a realidade da capital piauiense, localizada no extremo norte da região nordestina, com características ricas e peculiares, muitas ainda, inéditas e desconhecidas por grande parte dos pesquisadores da área, devido à precocidade e incipiência de investigações científicas.

Teresina data de 1852, quando foi planejada pelo Conselheiro Saraiva para abrigar a capital do estado do Piauí, após esta ter sido sediada em Oeiras. O estilo arquitetônico predominante adotado na edificação da cidade foi o ecletismo, que perdurou até o inicio da década de 60, quando foi introduzido ali, tardiamente a arquitetura moderna (AFONSO, 2002). Os projetos arquitetônicos eram realizados por profissionais sediados em outras cidades brasileiras, principalmente na então capital brasileira, o Rio de Janeiro. No que são referentes aos projetos residenciais, estes na maioria das vezes, eram realizados por mestres de obras, que assumiam desde a autoria do projeto até a construção da obra em si.

A partir dos anos 60, piauienses que foram estudar arquitetura no Rio de Janeiro, em Recife, em Belo Horizonte, começaram a retornar trazendo a influência destas “Escolas” para a arquitetura contemporânea local. E, somente em meados dos anos 90, exatamente em 1994, foi criado na Universidade Federal do Piauí/ UFPI, o primeiro curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, vinculado ao departamento de construção civil e arquitetura, do Centro de Tecnologia. Anos depois, o Instituto Camilo Filho, criou também um curso na área, da qual foram responsáveis as mesmas arquitetas encarregadas pela implantação do curso na UFPI, as professoras Ana Lúcia Silveira e Aline Elvas.

E que resultados a implantação destes cursos trouxe para a construção da imagem da cidade? E de que forma, estes profissionais de formação acadêmica local, interferem e interagem no mercado profissional local?

Observa-se que com o advento de criação destes cursos na área, houve, sem dúvida, um crescimento profissional no mercado de trabalho, antes limitado à prestação de serviços aos escassos escritórios de arquitetura existentes de profissionais graduados em demais cidades brasileiras. Diagnosticou-se ainda, a inserção destes arquitetos graduados em cursos locais, no mercado institucional público e privado, em todos os níveis, federal, estadual e municipal.

Este processo podendo ser compreendido como conseqüência do desenvolvimento sócio- econômico local, decorrente da dinamicidade de políticas públicas na cidade, que nos últimos anos, vem investindo de forma contundente em projetos de infra-estrutura urbana, e nas áreas de saúde, educação, moradia, transportes e lazer, entre outras. Além disso, observa-se também, o fenômeno que ocorreu em todas as capitais brasileiras, a verticalização residencial, que abriu mercado para a arquitetura de interiores, que vem a ser uma das opções de grande parte dos profissionais recém-graduados.

A imagem de Teresina, como uma cidade quente, sem atrativos, sem infra-estrutura, é totalmente inadequada e errônea. Possuindo aproximadamente 800.000 habitantes, uma taxa de urbanização de 94,70; e com PIB per capita (2004) de R$ 4.834,65 (CEM/CEBRAP/ SNH/ MCidades. 2007) a capital vem investindo prioritariamente em serviços de habitação de interesse social e urbanismo, construindo uma nova paisagem, que também, considera, fundamentalmente, os aspectos ambientais, na busca da preservação dos ecossistemas, da paisagem natural e na adoção de soluções climáticas e sustentáveis para as obras contemporâneas executadas.

Para atender a estes aspectos de desenvolvimento de políticas públicas, as instituições de ensino responsáveis pela formação acadêmica profissional, vêm interagindo de forma constante, através do diálogo com órgãos federais, estaduais e municipais, a fim de detectar as demandas do mercado de trabalho, preparando desta forma, o profissional para o desenvolvimento de práticas profissionais coerentes com a realidade.

Um exemplo a ser dado aqui, foi o trabalho desenvolvido para o Conjunto Residencial Jacinta Andrade, no segundo semestre de 2009, pelos alunos de graduação em arquitetura e urbanismo da UFPI. O Conjunto é um empreendimento que vem sendo realizado pela ADH/ Agencia de Desenvolvimento Habitacional do Governo do Estado do Piauí, com recursos do PAC/ Governo Federal e CAIXA, e tem como meta a construção de 4300 casas, abrigando aproximadamente 20.000 pessoas. O empreendimento trata-se de um dos maiores investimentos federais na área em construção no País, e vem sendo alvo principal da política pública estadual e municipal, uma vez que envolve uma série de atores institucionais, como AGESPISA, CEPISA, Prefeitura Municipal de Teresina, entre outros.

O curso de arquitetura e urbanismo, na disciplina de projeto arquitetônico 6, voltada para o desenvolvimento de grandes intervenções arquitetônicas em espaços urbanos, teve como objeto de estudo o desenvolvimento de projetos arquitetônicos voltados para os equipamentos sociais, culturais e de produção econômica para a área. Foram projetadas sete edificações e áreas verdes urbanizadas para proporcionarem melhoria habitacional: 1) Centro de educação ambiental; 2) Centro de serviços e comércio; 3) Centro de lazer e gastronomia; 4) Centro poliesportivo; 5) Centro para Melhor Idade; 6) Centro cultural e, 7) Usina de tratamentos de resíduos sólidos.

A experiência didática em integrar os alunos com a realidade local, e principalmente atuarem em uma área -habitação de interesse social- das que mais se investem atualmente no país ( MCidades, 2009), foi bastante positiva. As constantes visitas ao local, aos canteiros de obra, o diálogo e negociações com os técnicos estaduais da ADH, da CAIXA, possibilitaram àqueles alunos um contato direto com a realidade mercadológica, fazendo com que, por primeira vez, eles projetassem para clientes reais.

Sem dúvida, a cada dia, mais se constata a necessidade de procurar propor novas experiências de ateliers integrados com a pesquisa, desenvolvendo novas estratégias de conhecimento, que procurem romper os limites disciplinares, possibilitando novas propostas de ensino para a formação dos futuros arquitetos que possa fazer face aos desafios da contemporaneidade, específicos a cada realidade sócio- cultural, geográfica e econômica.

Palavras chaves: arquitetura contemporânea teresinense, mercado de trabalho em arquitetura, práticas arquitetônicas contemporâneas.

Referencias bibliográficas.

AFONSO, Alcilia. Arquitetura em Teresina: 150 anos. Da Origem à contemporaneidade. Teresina: Halley. 2002.

Capacidades administrativas, déficit e efetividade na política habitacional. Ride Teresina. CEM/CEBRAP/SNH/MCidades. 2007.

HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no nordeste. Arquitetura como lugar ameno nos tópicos ensolarados. Recife: UFPE/ MDU. 1976.


NASCIMENTO, Francisco Alcides. A cidade sob o Fogo. Modernização e violência policial em Teresina. 1937/ 1945. Teresina: Gráfica Halley. 2002.