18.1.08

A atuação da mulher na arquitetura.


Um fato vem me chamando a atenção como arquiteta e professora universitária: a quantidade de mulheres que estudam e atuam no mercado arquitetônico. De duas turmas que leciono no curso de arquitetura e urbanismo da UFPI, apenas 23% são do sexo masculino, o que claramente demonstra a predominância das mulheres na arquitetura.

Infelizmente, apesar de tal fato, o mercado ainda é machista em determinadas áreas, como, por exemplo, ocorre com a elaboração de projetos arquitetônicos de grandes empreendimentos, ficando destinados às mulheres, projetos de arquitetura de interiores, ou mesmo, a área de ensino, pesquisa, preservação e paisagismo.

Mas, cabe a nós, arquitetas, profissionais liberais ou não, reforçar o nosso papel nesta sociedade e a importância do nosso trabalho em todos os campos da arquitetura e do urbanismo. Esta coluna, portanto, será dedicada a divulgar o trabalho de brilhantes arquitetas internacionais, nacionais e locais que muito vêm contribuindo para o desenvolvimento do saber arquitetônico em todas as partes do mundo, como veremos a seguir com arquitetas de origem alemã, italiana, iraquiana, japonesa, e brasileiras.


Lilly Reich




Designer alemã, nascida em Berlim, em 16 de Junho de 1885, foi companheira pessoal e profissional do arquiteto Mies Van der Rohe, durante treze anos(1925/1938). Aos 29 anos (1914) abriu seu próprio escritório onde realizou uma série de trabalhos, e em 1920, tornou-se a primeira mulher diretora do Deutsche Werkbund, a Bauhaus, a mais importante escola de arte e arquitetura vanguardista do século XX, que revolucionou os conceitos e a prática profissional na época. No período no qual trabalhava em parceria com Mies, criou uma série de 15 cadeiras, que se tornaram peças clássicas do design moderno, entre elas as poltronas Barcelona e Brno. Seu trabalho era reconhecido pela limpeza plástica, discrição e elegância.Sem dúvida, é um dos principais nomes do design moderno, havendo contribuído bastante com os projetos de Mies na época para o Pavilhão de Barcelona e a casa Tugendhat em Brno.


Lina Bo Bardi



Achillina Bo,conhecida como Lina Bo Bardi, nasceu em Roma em 5 de dezembro de 1914, graduando-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. Casou-se com o jornalista Pietro Maria Bardi em 1946 e neste mesmo ano, em parte devido aos traumas da guerra e à sensação de destruição, veio para o Brasil, país que acolheu como lar e onde passou o resto de sua vida , se naturalizando brasileira em 1951. Mulher inquieta, culta e inteligente, logo manteve contato com os principais nomes da modernidade arquitetônica brasileira, tendo iniciado no Brasil um importante conjunto de obras, nos quais se destacam em São Paulo, a Casa de vidro, a sede do MASP, o SESC Pompéia; e em Salvador, a restauração do Solar do Unhão.


Zaha Hadid



A arquiteta iraquiana nasceu em 31 de Outubro de 1950 em Bagdá e seu trabalho se identifica com a corrente desconstrutivista da arquitetura. Em 2004, Hadid se tornou a primeira arquiteta mulher a receber o Prêmio Pritzker de Arquitetura pelo conjunto de sua obra. Anteriormente ela também foi premiada pela Ordem do Império Britânico pelos serviços realizados à arquitetura. Trabalhou com o seu professor, o arquiteto Rem Koolhaas. Em 1979, passou a estabelecer prática profissional própria em Londres. E daí por diante, sua obra passou a possuir certo renome. Possui projetos executados na Europa, América do Norte, destacando-se entre estes: Vitra Fire Station (1993), Weil am Rhein, Alemanha; Centro Rosenthal de Arte Contemporânea (1998), Cincinnati, Ohio, EUA; Terminal Hoenheim-North & estacionamento (2001), Estrasburgo, França.


Toshiko Mori



É uma arquiteta que vem atuando com escritório em Nova Yorque desde 1981, sendo também professora em Havard. Seus projetos se caracterizam por trabalhar com os recursos da modernidade, denotando uma nítida influência miesiana, presente nas transparências espaciais, atenção à estrutura e ao detalhe. Possui projetos executados em varias cidades americanas, destacando-se os desenvolvidos na área comercial, residencial e institucional. Desenvolve trabalhos para as marcas Yssey Miyake, Comme des Garçons. Sua produção é limpa, transparente, clássica e moderna ao mesmo tempo: essencial.


Janete Costa



A arquiteta pernambucana Janete Ferreira da Costa nasceu na cidade de Garanhuns, no ano de 1932, havendo estudado em Recife e no Rio de Janeiro. Tem trabalhos realizados em todo o Brasil, e no exterior, sendo reconhecida como uma das mais importantes arquiteta de interior brasileira. Foi aluna de Acácio Gil Borsoi e depois se tornou sua esposa e companheira profissional, e segundo depoimento do arquiteto, foi ela a pessoa quem mais o incentivou a torna-se o grande arquiteto que é. O trabalho de Janete tem como características, além da linguagem contemporânea, o profundo conhecimento dos materiais e da sua adequação e coerência com os ambientes criados, a valorização do artesanato brasileiro e a criação de design exclusivo e personalizado para os projetos. Foi ela quem introduziu o artesanato na arquitetura de interiores no Brasil, trabalhando com o contraste entre rusticidade e refinamento. Atua com escritório de arquitetura de interiores no Rio de Janeiro e em Recife, realizando projetos em todo o território nacional.

Rosa Kliass

A paulista Rosa Grena Kliass é arquiteta- paisagista considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Entre suas obras destaca-se a reforma do Vale do Anhangabaú e o projeto paisagístico do Parque da Juventude, ambos na cidade de São Paulo. É graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros prêmios nesta área. Também é consultora de diversos órgãos estatais, e autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior. Além de sua prática profissional em projetos de parques, escreveu uma das obras referências na área, o livro Parques urbanos de São Paulo, desenvolvido a partir do tema de sua dissertação de mestrado, defendida em 1989 na FAUUSP. É fundadora e ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).

Arquiteta, professora adjunta do curso de arquitetura e urbanismo.DCCA/ CT/ UFPI.Doutora em projetos arquitetônicos pela ETSAB/ UPC.

4 comentários:

Samir Melo disse...

Ola professora Kaki, parabéns pelo blog, ainda não li tudo, mas vou ler!:)
Sim, queria conversar quando possivel com vc sobre o projeto de cinema, ni algumas coisas bem legais em Macéio!
Abraço

Flávia Carvalho disse...

Oi Kaki. Meu nome é Flávia Carvalho, sou jornalista da Revista Mosaico, de Minas Gerais. Nossa revista é pautada por assuntos de arquitetura, design e paisagismo. Na próxima edição vamos falar um pouco sobre a influência feminina na arquitetura. Gostei muito de seu texto e quero saber se há uma instituição que nos forneça dados sobre a atuação da mulher nesse meio! Aguardo retorno. Grande abraço.

Anônimo disse...

Cara Professora Kaki, interessante seu texto. Estou cursando Mestado na FAU-USP e o meu tema é a mulher na arquitetura. A minha pergunta é parecida com a anterior. Gostaria de saber se há como encontrar mais dados sobre o assunto no Nordeste.
Obrigada
Flávia Sá - flaviasaprojetos@yahoo.com

Unknown disse...

Olá professora Kaki, sou estudante de arquitetura da camilo filho e estou fazendo uma pesquisa sobre o tema da mulher na arquitetura. Por enquanto eu e um colega estamos fazendo uma pesquisa geral sobre o assunto pra depois fazer uma pesquisa de campo sobre as arquitetas no piauí. Tá sendo um trabalho bastante puxado pra quem só está no 6ºperiodo por falta de fontes e tudo mais, mas está se conseguindo aos poucos. Eu gostaria de contar com a senhora para nos ajudar, pelo que vi pelo texto você deve ter muita informação sobre o tema, se for possível, é claro

Meu e-mail é: gabi_catexia@hotmail.com
Teresina