17.10.09

Habitação de interesse social em Teresina: algumas reflexões

Quando se propõe a pensar em soluções mais adequadas para atender às necessidades habitacionais na cidade em que vivemos, é imprescindível se levar em consideração as questões sócio-culturais, geográficas locais, que compõem a identidade deste lugar.

A realidade da cidade de Teresina, possuidora de um clima quente-úmido, com altas temperaturas, alta taxa de insolação, a inexistência de uma ventilação constante, e a sua localização geográfica entre-rios ( Parnaíba e Poty), composta de uma vegetação pertencente à Mata dos Cocais, e com grande parte da população formada da miscigenação entre brancos e índios, caboclos, fazem com que tais aspectos sejam preponderantes para o direcionamento da criação projetual de tipologias arquitetônica s apropriadas a esta realidade.

Armando de Hollanda, arquiteto e professor pernambucano, em seu livro, Roteiro para construir no nordeste, propôs de forma simples e esquemática, algumas orientações básicas para se projetar adequadamente na região, tais como, grandes aberturas, altos pés direitos, paredes vazadas, uso de cobogós, grandes beirais, entre outras soluções.

Acácio Gil Borsói, em trabalho realizado nos anos 60 no bairro de Cajueiro Seco, propôs um sistema construtivo baseado em taipa modulada, de forma racional, que de maneira a usar a auto- construção já apresentava soluções alternativas para a construção de casas populares.

Inspirada nestes mestres é que temos desenvolvido protótipos de habitações populares para a cidade de Teresina, através de grupo de pesquisa que coordeno –HABarq- na UFPI( dcca/ct) formado por alunos do curso de arquitetura e urbanismo, que vêm desenvolvendo estudos voltados para a realidade local, respeitando os condicionantes específicos do meio.

As propostas apresentam uma diversidade de soluções em planta, possuindo possibilidades de crescimento modular, bem como, materiais construtivos variados e alternativos, que não se limitam apenas ao mercado existente industrializado - cerâmico- como maneira de ampliar as oportunidades, tanto na produção de novas tecnologias, como também, na retomada de técnicas construtivas tradicionais, como a taipa e o adobe.

Quanto à questão dos custos, existem tabelas institucionais que padronizam os valores das construções convencionais, sendo necessário que, tais instituições sejam mais abertas às novas tecnologias e propostas arquitetônicas, de forma, a não se repetir continuamente soluções que limitem e desconsiderem os aspectos que foram anteriormente levantados, ou seja, que suas equipes técnicas se debrucem e criem novas tabelas orçamentárias voltadas para as adequadas soluções arquitetônicas de suas regiões, que levem prioritariamente em conta, a questão das especificidades locais que geraram o projeto arquitetônico adequado.

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