Foto:Kaki Afonso. junho 2009.
A paisagem devastada no Povoado Franco: Cocal da Estação
Foto:Kaki Afonso. junho 2009.
A impressão de apocalipse:destruição da paisagem.
Estive visitando no dia 4 de junho a área atingida pelos estragos causados pela ruptura da barragem de Algodões 1, região norte do Piauí, que assolou comunidades dos municípios de Cocal da Estação e Buriti dos Lopes, áreas nas quais, passa o rio Pirangi.
A visita técnica fez parte de estudo de caso do Grupo de pesquisas que coordeno sobre Habitação de Interesse Social Piauiense, cadastrado na UFPI/CNPQ/FAPEPI, e que conta com a participação de alunos bolsistas e voluntários do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPI( Jandiane Braga e Lumena Adad).
Acompanhada de técnicos da ADH (Agencia de Desenvolvimento Habitacional), estivemos presenciando a dura realidade que vem passando aquela população ribeirinha que teve suas casas destruídas pela força da água, que após a ruptura da barragem, saiu arrastando estradas, pontes, casas, comunidades, animais e, até, e principalmente, seres humanos, que, infelizmente, morreram em decorrência da catástrofe ocorrida.
Foto:Kaki Afonso. junho 2009.
A vegetação destruida.
Foto:Kaki Afonso. junho 2009.
Estradas viscinais destruidas pela força da água
Não cabe aqui, apontar culpados pela tragédia, mas é lógico que houve erros técnicos gravíssimos durante o cálculo, e a construção da barragem, que não suportou o volume de água planejado para a mesma.
As pessoas que viviam em volta da área da Barragem de Algodões 1, como por exemplo, o povoado de Franco, no qual habitavam mais de 50 famílias, tiveram suas famílias, casas, terrenos, criações agrícolas e pecuárias, completamente destruídas. A região, anteriormente, verde, produtiva, transformou-se em um cenário apocalíptico de destruição ambiental: o solo lavado pela força da água, as árvores arrancadas, e nenhum resquício das antigas casas.
Foto:Kaki Afonso.junho 2009.
A paisagem devastada no Povoado Franco: Cocal da Estação
O que chamou a atenção foi a permanência dos antigos moradores das áreas atingidas, que vão ao local e ficam ali, olhando e relembrando os fatos ocorridos- e que nos parece, bastante compreensível, afinal, ali era o seu habitat, lugar de memórias, de suas estórias e histórias de vida: aonde nasceram, criaram suas famílias, trabalhavam, pescavam, plantavam, possuíam seus comércios.
Foto:Kaki Afonso.junho 2009.
Moradores do Povoado Franco:Cocal da Estação
Perguntamos o que eles desejavam fazer: se irem para uma nova área, projetada, espécies de agrovilas, com casas projetadas, equipamentos sociais, cívicos e religiosos, áreas de produção agro- pecuária- ou se queriam um terreno em uma área que não fora de risco, para recomeçarem as suas vidas.
Foto:Kaki Afonso.junho 2009.
Exemplo de assentamento rural em Buriti dos Lopes: área fora de riscos de inundações.
A surpresa foi escutar que nenhumas das opções lhe satisfaziam, pois o que realmente queriam,era voltar para o mesmo lugar no qual viviam, mesmo sabendo dos riscos que correm.
É difícil chegar a uma proposta de comum acordo,entre o ponto de vista técnico, da implantação em novas áreas que não sejam de risco, e o ponto de vista “sentimental”/social/histórico, que é o da ligação do homem com seu meio natural.
São decisões conflitantes, e que infelizmente serão emergenciais, pois existem centenas de famílias desabrigadas, alojadas em escolas, sem “um teto” para morar.
Contudo, devem-se levar em consideração tais aspectos aqui levantados, a fim de que as instituições municipais, junto com os organismos estaduais e federais possam tomar as medidas mais acertadas para o grave problema social.
Foto:Kaki Afonso.junho 2009.
Casas rurais destruidas na Região de Buriti dos Lopes.
O Grupo de pesquisa propôs uma pesquisa de campo a ser realizada por assistentes sociais, a fim de ouvir os anseios da população em relação ao tipo de moradia, para que após a análise dos dados, possa-se colaborar na proposição de projetos arquitetônicos e urbanísticos para a área.
Vamos aguardar os resultados para podermos colaborar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário